O
s 7 pecados capitais se tornaram bem conhecidos e muito populares com a obra do escritor italiano Dante Aliguieri, “A Divina Comédia”, no séc. XIV. Não sei se continuam tão populares e conhecidos hoje em dia…Mas a lição que trazem é cada vez mais importante: ao falar de um “pecado” o que queremos dizer é: “Atenção! Cuidado! Muita gente já percorreu este caminho e as consequências… Bem, tem certeza certíssima que deseja fazer isto?” Sim, pois uma das capacidades do ser humano – ou pelo menos deveria ser! – é a de aprender com a experiência do outro. Não preciso comer uma planta venenosa para saber que ela vai me fazer mal. Alguém já fez isso e, por viver em sociedade, tenho um pacto de confiança com o outro e acredito nele. Está bem, isso nem sempre funciona… Mas vamos lá, então, ao primeiro pecado, lembrando sempre que existem os dois lados – pontos positivos e negativos em cada um deles. Confira também as dicas para enfrentar tais momentos!
IRA
Q
uem nunca perdeu o controle frente aquele aluno desatento, respondão, que parece não se interessar por nada, por mais esforço que se faça? Não precisa ser aluno: pode ser qualquer pessoa da sua convivência – familiar, amigo, colega de trabalho, chefe…O lado negativo: a ira é como uma bola de neve. Quando você explode, deixa de ver qualquer saída, vai destruindo tudo que está pela frente. No final, já nem sabe porque tudo começou. O pior: a ira é contagiosa – grupos de pessoas que perdem o controle (torcidas de time de futebol, gangues, grupos ateando fogo ou quebrando vitrines, a “turminha do fundo”…). O que já é ruim individualmente é pior coletivamente.
O lado positivo: a ira mostra que você está frente a uma situação desconfortável. Algo precisa ser mudado. Mas como?
A
Geralmente, as pessoas tentam mudar o outro. Tenta-se mudar, por exemplo, o comportamento de uma criança que grita, protesta e chora, ameaçando-a com castigos, premiando, ignorando… Tenta-se mudar o comportamento de um aluno que não aprende a ler ou escrever obrigando-o a estudar mais… Geralmente, é “mais do mesmo”, ou seja, continua a mesma situação e você também continua igual. Tal comportamento está fundamentado no fato de desejarmos estar certos (e, portanto, evitamos mudar). É o que se chama “consistência do ego”. Aparentemente, é o mais fácil. Mas mudar o outro é bem complicado, principalmente porque não temos poder ou domínio sobre a outra pessoa. O que fazer, então?
Dica: Em primeiro lugar… Tente controlar a ira e descobrir porque aquela situação o deixa tão irritado. Uma relação que vai mal reflete, aparentemente, o insucesso de um dos envolvidos – professor/aluno, namorado/namorada (ou companheiro/companheira, marido/mulher, independente do sexo), chefe/chefiado etc.
–“Que seja o outro o responsável, e não eu!” Este é o pensamento inconsciente que nos cega. Com certeza você já deve ter ouvido milhões de desculpas quando alguma coisa não dá certo… -“Não posso fazer nada se o produto está com defeito, sou apenas o…” (coloque aqui qualquer função). –“Não fiz a lição porque…” E daí para frente.
Marshall Rosenberg, psicólogo americano que desenvolve um trabalho extraordinário pela comunicação não-violenta, recomenda observar a situação SEM CRITICÁ-LA. Ou seja: antes de rotular o aluno que tem dificuldades de aprendizado (preguiçoso, disperso, vem de uma família desestruturada, não se esforça, tem dislexia, tem déficit de atenção etc.) apenas observe e perceba como você se sente. Evite generalizar: -“Você é sempre… (complete como quiser: desleixado, respondão, desatento, palhaço etc.).
E
Analise o que você pode mudar na situação. Um exemplo bem palpável foram as mudanças obtidas pelos professores que trabalham com o Sistema Scliar de Alfabetização. Tiveram que “desconstruir” (e a que custo e esforço de cada um deles!) o que entendiam como o melhor processo para alfabetizar (embora os resultados comprovem que as abordagens que eram utilizadas não alcançam os resultados desejados). Depois, precisaram mudar o entorno, o método aplicado. Um longo processo e parabéns a quem persistiu! Resultado: crianças que antes levavam três anos para aprender a ler, em apenas seis meses já conseguem enfrentar textos complexos, com alegria e prazer. Mudaram as crianças? Não. Mudou a situação. Mudou quem ensina.
E
você? Como enfrenta a sua ira? Pode ser em qualquer situação! Deixe seu comentário para que todos possam aprender com a sua experiência. E no próximo post, outro pecado capital para analisarmos. Até lá!